Uma sala de aula onde se trabalha com hipertextos se transforma num espaço transacional apropriado ao ensino e aprendizagem colaborativos, mas também adequado ao atendimento de diferenças individuais, quanto ao grau de dificuldades, ritmo de trabalho e interesse.
Para os professores hipertextos se constituem como recursos importantes para organizar material de diferentes disciplinas ministradas simultaneamente ou em ocasião anterior e mesmo para recompor colaborações preciosas entre diferentes turmas de alunos.
Outro aspecto fundamental do hipertexto é sua eficiência no planejamento e desenvolvimento de cursos à distância, facilitando a informação a estudantes localizados nos mais distintos pontos. Finalmente hipertextos tornam realidade a abordagem interdisciplinar dos mais diversos temas, abolindo as fronteiras que separam as áreas do conhecimento.
O uso do hipertexto é um convite para se repensar e redefinir não só algumas das noções que temos sobre como adquirir, organizar e estocar o conhecimento, nossa maneira de "ler o mundo", mas também para se pensar à luz de um novo enfoque a textualidade e, com ela, a narrativa, os limites fronteiriços entre as posições autor-leitor, a própria noção de autoria e, mais ainda, a relação que, enquanto leitores de textos, temos mantido com estes últimos como produtos culturais ligados a uma tecnologia.
O hipertexto, por sua vez, altera fundamentalmente nossa noção de textualidade, pois se constitui num texto plural, sem centro discursivo, sem margens, sendo produzido por um ou vários autores e, como texto eletrônico, está sempre mudando e recomeçando, de forma associativa, cumulativa, multilinear e instável. Nas palavras de Lévy (1993, p. 33), um hipertexto
é um conjunto de nós ligados por conexões. Os nós podem ser palavras, páginas, imagens, gráficos ou partes de gráficos, seqüências sonoras, documentos complexos que podem eles mesmos ser hipertextos. Os itens de informação não são ligados linearmente, como em uma corda com nós, mas cada um deles, ou a maioria, estende suas conexões em estrela, de modo reticular. Navegar em um hipertexto significa portanto desenhar um percurso em uma rede que pode ser tão complicada quanto possível. Porque cada nó pode, por sua vez, conter uma rede inteira.
Ao dizermos que o hipertexto reconfigura a narrativa temos como primeiro ponto o fato de que a ficção hipertextual se caracteriza pela intangibilidade do texto, pois hipertextos, pelo fato de serem apresentados de forma virtual só se tornam possíveis sob demanda, não são manipuláveis, não se conhecendo de antemão seu começo, meio ou fim, o que torna a sua "escritura" fundamentalmente flexível. Neste sentido os leitores podem, dentro de uma narrativa hipertextual, escolher a sua própria aventura, interagindo com a história.
Referencia : www.unicamp.br
LÉVY, Pierre. As tecnologias da inteligência. São Paulo: Editora 34, 1993.
Nenhum comentário:
Postar um comentário