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domingo, fevereiro 20, 2011

Cânone e Contexto



Cânon

Ao encontrar expressões como: “cultura letrada”, “saberes”, “poder”, “exclusão”, entende-se que adentrou no contexto do universo canônico. Leyla Perrone, explicita no livro Altas Literaturas, o que de fato vem a ser o termo Cânone:

A palavras cânone vem do grego Kánon, através do latim Canon, e significava “regra”. Com o passar do tempo, a palavra adquiriu o sentido especifico de conjunto de textos autorizados, exatos, modelares. No que se refere à Bíblia, o cânone, é o conjunto de textos considerados autênticos pelas autoridades religiosas. Na era cristã, a palavra foi usada no direito eclesiástico, significando um conjunto de preceitos de fé e de conduta (...).”(PERRONE – MOISÉS, 1998. p. 61)

Os textos considerados canônicos, pelos indivíduos influentes e detentores do poder, olham esses conjuntos de textos como patrimônio da humanidade, obras detentoras de valores incontestáveis, com qualidades intrínsecas, atemporais e universais que transcendem o momento histórico, e fornece a sociedade modelos a seres seguidos e bem quistos pelo Estado. Em suma o que se quer deixar claro é que o cânone virou instrumento para atuação de poder, exclusão das classes que não tem contato com as grandes literaturas, dominação através de uma linguagem rebuscada, hermenêutica e digna de grandes referencias.

Uma linha do tempo

A relação dos escritores com a palavra cânone ocorre pela primeira vez no século IV e nos séculos XVI e XVII há a formação do cânone literário moderno, dando início no Renascimento italiano, que logo após irradia para a teoria francesa, sendo que o italiano era mais aberto e o francês totalmente centralizado a academia, característica do classicismo francês, que sofrerá abalo no século XVIII por conta da abertura aos autores ingleses e alemães, apesar de várias contestações, permanece forte ainda hoje, o clássico no ensino literário da França.

A partir do século XVIII, que o juízo estético do cânone, deixou de ser considerado universal e os clássicos começaram a perder os moldes, o exemplo de modelo absoluto e eterno. Será neste mesmo século, que se dá inicio a conformação de um sistema literário no Brasil, quando letrado, após diplomas e reconhecimento intelectual, vão constituindo os círculos das academias.

Vindo de uma influência grande dos grandes autores europeus, que o cânone brasileiro começa a dar seus primeiros passos, procurando no Romantismo uma forma de incutir o nacionalismo e a ideologia de uma elite letrada.

Romantismo

Reis destaca que o ideário romântico no Brasil é um projeto de afirmação da nacionalidade, no que encontrava total respaldo do Segundo Reinado, igualmente empenhado em enfileirar o país ao lado das nações civilizadas.

Na metade do século XVIII, o surgimento da burguesia moderna, dentre outros acontecimentos, realizou uma grande transformação no modo de pensar, agir e na cultura de um modo geral no ocidente. Houve também a demonstração da individualidade, relativismo, o emocionalismo e o moralismo, busca por uma originalidade, manifestando um perfil artístico próprio e muito influente, os leitores, todos carregados da literatura européia e os seus cânones, agora estavam em busca de fundar uma literatura nacional, retornando as origens, isto é, aos primeiros escritos sobre as primeiras impressões dos colonizadores do Brasil, estudando os índios, e colocando-os como os heróis na nossa literatura.

Quem irá consolidar o romantismo no Brasil, será Gonçalves Dias, destacando na primeira fase e na poesia (Canção do Exílio), pelas qualidades superiores de inspiração e consciência artística e contribui ao lado de José de Alencar um novo padrão referente a inspiração e exemplo. Como indianista buscou do medieval coimbrão (termo retirado de CANDIDO, Antonio, 1836, p.83) embutir nos índios, um modelo de herói aos padrões da cavalaria.

Além de Gonçalves Dias, destaque no romantismo também para Joaquim Manoel de Macedo, Gonçalves de Magalhães, Junqueira Freire, Casimiro de Abreu, Castro Alves, dentre outros.

José de Alencar em seu livro Ubirajara, romance indianista, destaca o bom selvagem, enaltecendo o índio e as paisagens brasileiras, mais particularmente do Ceará, como as mais belas formas de nacionalidade e poesia brasileira, apresentando pureza, lealdade e coragem, além de Ubirajara, destacam como romances indianistas: Iracema e O Guarani, muitos críticos afirmam que Ubirajara é a versão masculina de Iracema. Depois no romance sertanejo, aponta heróis regionais nas obras O gaucho, O sertanejo, na prosa urbana, encontra-se Senhora, Lucíola, Diva, A pata da Gazela, Sonhos d’Ouro.

Bosi coloca que nas obras de Alencar, “os enredos valeram como documento apenas indireto de um estado de coisas, no caso, a tomar corpo de uma ética burguesa e ‘realista’ das conveniências durante o Segundo Reinado.” (p.154)

Manuel Antonio de Almeida, com seu único romance: Memória de um sargento de milícias, não traz um modelo idealizante, pelo contrario, resenha as andanças e os pecadilhos no momento histórico do Rio sob a regência de D. João VI. O anti-herói Leonardo, “filho de uma pisadela e de um beliscão” é apenas uma das características da obra de Manuel Antonio, seguindo pelo viés de uma critica sociológica mostra como se dá a vida da família brasileira nos meios urbanos, e quais suas venturas e desventuras em um ambiente nem tão colonial, mas longe do aspecto burguês.

Considerada a terceira fase do romantismo, em um aspecto gótico, saudosista, melancólico, e mortal, até pelo fato de ser considerada a época do “mal do século”. O autor cânone de destaque é Álvares de Azevedo, em sua obra Lira dos Vinte anos, Bosi frisa que é o escritor que mais merece destaque, por ser o mais bem dotado de sua geração. Em suas poesias, além de algumas denuncias, pode-se perceber um léxico bem trabalhado e fontes como Lord Byron. A linguagem acrescida de termos científicos nos remete a sonhos, dores, um verdadeiro melancolismo.

Realismo

Ao contrário do idealismo romântico, o realismo busca a objetividade, razão e preocupa-se com o homem na sociedade, cheios de problemas rotineiros, chegando a uma determinada situação que homem e mundo se encontram na mesma condição e sujeitos a mesma finalidade. Outro ponto forte de destaque, são os vícios da sociedade, através de uma descrição minuciosa a fim de explicitar as mazelas da sociedade burguesa. Segundo Lygia Cademartori, “o que caracteriza o período é a vitória da concepção de mundo própria das ciências naturais e do pensamento racionalista e tecnológico sobre o idealismo e a tradição romântica.” (p. 46)

Autores canônicos que se destacam nesse período são: Raul Pompéia, Aluísio Azevedo, Monteiro Lobato, Sílvio Romero, José Veríssimo, dentre outros.

Considerado o autor de maior renome na literatura brasileira, Machado de Assis, segundo Bosi “é o ponto mais alto e equilibrado da prosa realista (...)”(p.193). Em seu romance Esaú e Jacó, uma historia de gêmeos univitelinos, envolta por um instinto competitivo tentando desvencilhar a semelhança que carregam entre si. Um jogo que acentua pela competição, dualidade do ser, dos impulsos, entranhados fisicamente em apenas um estilo físico, mas na realidade em dois seres iguais e diferentes ao mesmo tempo.

Coelho Neto, também entra na lista dos cânones que mais representa o período realista, em sua obra O Ateneu, uma história que se passa em um colégio interno, denunciando as mazelas provenientes daquele ambiente. A revolta sobressai perante um mau ensino, onde amarga uma pedagogia grotesca do professor Venâncio. Romance na primeira pessoa traduz a retomada da realidade, do objetivo do eu no que se deparava com o mundo concreto.

Lima Barreto aparece em destaque, apesar de várias manifestações críticas, na obra Triste fim de Policarpo Quaresma, obra que denuncia a falseta da Republica, por um viés cômico, colocando o personagem Policarpo como um grande questionador sobre nossas origens.

Modernismo/ Contemporaneidade

Ligia diz:

O modernismo não é um estilo, no rigor do termo, mas um complexo de estilos de época que apresentam alguns pontos coincidentes. Esses pontos em comum não independente de fato de que, no nosso século, o conhecimento sofreu uma grande ruptura a que ocorreu a teoria da relatividade de Einstein; a teoria psicanalítica de Freud; a filosofia de Nietzsche e a teoria econômica de Marx. Comum a todas é o questionamento do lugar do homem como sujeito do questionamento. (p.62)

O modernismo veio para quebrar novamente rupturas na literatura brasileira, revolucionou o fazer arte, mostrou mais liberdade na composição das poesias e prosas.

Jorge Amado, autor baiano, modernista em sua obra Jubiabá, nos relata em linguagem mais acessível, voltada para leitores mais populares, fato pelo qual não seja reconhecido como cânone, através de um cunho político e ideológico, denuncia as mazelas de um Brasil desigual, onde pretos e brancos estão na mesma escala de igualdade quando se encontram na proporção de desigualdade social.

Clarice Lispector, considerada cânone contemporâneo, da terceira fase do modernismo, através de suas Epifanias, contida no livro Felicidade Clandestina, um livro de contos, faz com que o leitor venha a refletir sobre o seu papel na sociedade, sobre sua posição no mundo.

Identificação do cânone por estudantes

Graça Paulino identifica em seu texto: Formação de leitores: a questão dos cânones literários, aspectos de como ajudar o alunos a perceberem as características como: os padrões estéticos, o estilo das narrativas imbricadas por componentes históricos, de construção e significação, sendo que algumas obras tendem mais para o eixo linguístico – formal, apresentando uma linearidade da narrativa, com principio, meio e fim. É importante destacar que as obras canônicas trabalhadas nas escolas, muitas são identificadas somente pelos professores, pois alguns, não todos, já tiveram contato na sua formação. O estranhamento de alguns alunos ao se depararem com obras canônicas se dá através do distanciamento ocorrido entre cânone literário e cânone escolar, de certa maneira pela exclusão que o cânone causou em certos momentos históricos. Através deste impasse, é preciso melhorar as metodologias dos professores de língua portuguesa, e porque não dizer das outras matérias. Trabalharem mais afinco com os grandes “Clássicos” e assim aperfeiçoar a visão do leitor em formação.

A influência da Mídia no Cânone.

Diante de uma cultura de massa fortificada, que influencia diretamente o consumidor, o cânone hoje é deixado de lado, dando espaço para os famosos Best Sellers, cheios de “realismo fantástico”. Através do marketing das editoras, o que mais se torna valioso são livros que vendem enredos pobres, cotidianos demais ou então cheios de receitas prontas, como é o caso dos livros Auto-ajuda.

Aos poucos, a mídia, considerada o “quarto poder”, foi alienando a formação dos leitores, foi substituindo autores e obras de qualidades, por obras totalmente mercadológicas, instigando o leitor supérfluo, o tal sujeito “y” da pós – modernidade, a adquirir e não a questionar uma problemática vigente da sua realidade.



Bibliografia

ALENCAR, José de. Ubirajara. São Paulo: Ática, 1998.

ALMEIDA, Manuel Antonio de. Memórias de um sargento de milicias. Sao Paulo: Escala, s/d. (Coleção Grandes Mestres da Literatura Brasileira)

AMADO, Jorge. A morte e a morte de Quincas Berro Dágua. Sao Paulo: Comapanhia das Letras, 2008.

AZEVEDO, Alvares de. Lira dos vinte anos. Sao Paulo: PAE – Programa de Assistencia ao Estudante, 2007. (Coleção Mestres da Literatura 2)

ASSIS, Machado de. Esaú e Jacó. Sao Paulo: Brasileira, 1961.

CANDIDO, Antonio. Formação da literatura brasileira: momentos decisivos. Volume II. 6.ed. Editora Itatiaia:Belo Horizonte, 1981.

CADEMARTORI, Lígia. Períodos literários. 5. Ed. Editora ática: São Paulo, 1991.

BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. 3. Ed. Editora Cultrix: São Paulo.

LISPECTOR, Clarice. Felicidade Clandestina: contos. 8.ed. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1994.

LAJOLO, Marisa. Literatura: Leitores & Leitura. Editora moderna: São Paulo, 2009.

PAULINO, Graça. Formação de leitores: a questão dos cânones literários. In: Revista Portuguesa de Educação. 17.v.001.n. Braga: Universidade do Minho, 2004. p. 47-62.

POMPEIA, Raul. O ateneu. 8.ed. São Paulo: Ática, 1984.

PERRONE –MOISÉS, Leyla. O cânone dos escritores-críticos in Altas Literaturas. Companhia das Letras: São Paulo, 2003.

quinta-feira, abril 01, 2010

Ler e escrever Literatura: A mediação do professor**


O professor de literatura precisa ser visto como um verdadeiro privilegiado, pois a sua área é um universo rico de obras literárias de todas as épocas e nacionalidades, formando assim uma rede imensa de significados, um verdadeiro patrimônio cultural da humanidade. Mas o grande viés é que nem sempre a percepção do privilégio do professor de literatura é reconhecido no contexto escolar ou até mesmo fora dele, ocorrendo assim um desinteresse e afastamento desse universo.

Lendo e escrevendo a literatura, aprendemos a ler e a escrever a nossa existência humana, e tanto a leitura como a escritura literária são produtos humanos e assim desencadeiam o processo de comunicação social, que é inerente à própria natureza do literário, assim é imprescindível não atribuir sentindo.

É importante frisar que a literatura adota simultaneamente uma infinidade de veículos em combinações que variam com cada escritor, obra e leitura, pondo não somente diversas ordens de significações, mas, também combinação de elementos para transformar em supersignificações. A literatura por ser um processo, algo que acontece e não estático, pode ser tratada em um universo multilateral e não unilateral, como muitas vezes é presente no âmbito escolar – sala de aula.

Angela da Rocha Rolla*, coloca através de Escarpit* que a literatura como um processo, caracteriza-se por um projeto que é a obra em sim, um meio que se dá pelo documento escrito livro, uma atitude, sendo o ato da leitura. Todos ligados entre si pela linguagem.

Toda arte precisa de uma comunicação, e a sua comunicação artística se dá através dos elementos fundamentais: Autor, obra e público. Afinal, o público coloca sentindo e realidade à obra, e sem ele o autor não se realiza, pois ele de certo modo quem espelha a imagem do criador, como bem coloca Antonio Candido*. Sem o público não há ponto de referência para o autor, a reação é que intensifica e direciona autor e obra, mas apesar de cruzarem, é importante deixar claro que os caminhos que autor e receptor seguem vão em direções opostas, pois a função da obra de um para o outro são diferentes. O autor é o veiíulo de distensão e o receptor é a participação em destinos alheios, problematizando de acordo com a sua própria existência.

Considerando a formação de um público leitor, surge então não somente o papel da escola, como também a mediação fundamental do professor, como elementos fundamentais na qualificação do aluno, mostrando aos mesmos que as relações existentes na literatura ou em qualquer obra de arte, não se estabelecem simplesmente entre coisa/significado que a multissignificação permite. E que não deve ser privilégio de alguns poucos, pelo contrário, a percepção, o entendimento, a forma que o leitor completa a obra, é uma possibilidade de todos que através de outras experiências literárias e até mesmo de vida pessoal e social, desempenham um papel importante na leitura de uma obra.

A escola e o professor precisam mediar e instruir os alunos a ler e escrever sob a ótica de um processo dinâmico, onde a literatura entra como principal suporte.


* **Angela da Rocha Rolla é a autora do Artigo: Ler e escrever literatura: a mediação do professor.

*ESCARPIT, Robert. Lo literario y lo social. In:ESCARPIT et AL. Hacia uma sociología Del hecho literario. Madrid: Edicusa, 1974. p. 11-43.

*CANDIDO, Antonio. Literatura e sociedade: estudos de teoria e história literária. 5.ed. São Paulo, 1976

segunda-feira, fevereiro 22, 2010

Hipertexto


Uma sala de aula onde se trabalha com hipertextos se transforma num espaço transacional apropriado ao ensino e aprendizagem colaborativos, mas também adequado ao atendimento de diferenças individuais, quanto ao grau de dificuldades, ritmo de trabalho e interesse.

Para os professores hipertextos se constituem como recursos importantes para organizar material de diferentes disciplinas ministradas simultaneamente ou em ocasião anterior e mesmo para recompor colaborações preciosas entre diferentes turmas de alunos.

Outro aspecto fundamental do hipertexto é sua eficiência no planejamento e desenvolvimento de cursos à distância, facilitando a informação a estudantes localizados nos mais distintos pontos. Finalmente hipertextos tornam realidade a abordagem interdisciplinar dos mais diversos temas, abolindo as fronteiras que separam as áreas do conhecimento.

O uso do hipertexto é um convite para se repensar e redefinir não só algumas das noções que temos sobre como adquirir, organizar e estocar o conhecimento, nossa maneira de "ler o mundo", mas também para se pensar à luz de um novo enfoque a textualidade e, com ela, a narrativa, os limites fronteiriços entre as posições autor-leitor, a própria noção de autoria e, mais ainda, a relação que, enquanto leitores de textos, temos mantido com estes últimos como produtos culturais ligados a uma tecnologia.

O hipertexto, por sua vez, altera fundamentalmente nossa noção de textualidade, pois se constitui num texto plural, sem centro discursivo, sem margens, sendo produzido por um ou vários autores e, como texto eletrônico, está sempre mudando e recomeçando, de forma associativa, cumulativa, multilinear e instável. Nas palavras de Lévy (1993, p. 33), um hipertexto

é um conjunto de nós ligados por conexões. Os nós podem ser palavras, páginas, imagens, gráficos ou partes de gráficos, seqüências sonoras, documentos complexos que podem eles mesmos ser hipertextos. Os itens de informação não são ligados linearmente, como em uma corda com nós, mas cada um deles, ou a maioria, estende suas conexões em estrela, de modo reticular. Navegar em um hipertexto significa portanto desenhar um percurso em uma rede que pode ser tão complicada quanto possível. Porque cada nó pode, por sua vez, conter uma rede inteira.

Ao dizermos que o hipertexto reconfigura a narrativa temos como primeiro ponto o fato de que a ficção hipertextual se caracteriza pela intangibilidade do texto, pois hipertextos, pelo fato de serem apresentados de forma virtual só se tornam possíveis sob demanda, não são manipuláveis, não se conhecendo de antemão seu começo, meio ou fim, o que torna a sua "escritura" fundamentalmente flexível. Neste sentido os leitores podem, dentro de uma narrativa hipertextual, escolher a sua própria aventura, interagindo com a história.

Referencia : www.unicamp.br

LÉVY, Pierre. As tecnologias da inteligência. São Paulo: Editora 34, 1993.

www.ufpe.br

Teste: você tem o perfil do aluno da Educação a distância? | Formação | Nova Escola

Teste: você tem o perfil do aluno da Educação a distância? Formação Nova Escola

domingo, fevereiro 21, 2010

Educar na tela





Educação a distância é para você?

A ideia é antiga. Um aluno, longe do professor, aprendendo guiado apenas por um material didático especialmente preparado para ser auto-explicativo. Começou usando o correio, passou pelo rádio e televisão e agora ganha força turbinada pela internet. A educação a distância permite que o aluno possa aprender e ter acesso ao conhecimento em qualquer parte do país.

No Brasil, a modalidade fez fama inicialmente por meio do Instituto Universal, escola aberta em 1941 e que até hoje oferece, via correio, cursos livres como crochê, violão e desenho. Depois veio o Tele Curso 2000, criado em 1978, pela Fundações Roberto Marinho e Padre Anchieta, que formou 5,5 milhões de pessoas nos ensinos fundamental e médio com o uso da televisão.

(André Zara - 29/12/2008 - 09:57 - http://www.abril.com.br/noticias/educacao/educacao-distancia-voce-411553.shtml)

Com o aparecimento das TIC (Tecnologia de informação e comunicação) , começou-se esboçar um possível modelo alternativo , inicialmente era voltado para os superdotados, (ou seja, as crianças que “perdem tempo” na escola regular) essas crianças poderiam, diretamente de sua casa, exercer sua aprendizagem individual em seu PC, monitoradas a distância pelos melhores professores, avançando tão rápido quanto suas capacidades.
Mais tarde por volta do ano de 2000, houve-se uma explosão de cursos pela internet, e a revolução tecnológica de comunicação foi-se solidificando e sendo inserida no cotidiano das pessoas, invadindo salas de aula e pessoas de diversas culturas e conhecimento. Com isso a educação à distância ou presencial cada vez mais vão ficando interligadas e centradas no modelo de distribuição da informação, quando a oferta de comunicação multimídia é cada vez maior e melhor no ambiente comunicacional redefinido pelas tecnologias digitais interativas. Através das novas práticas pedagógicas interativas, o paradigma de transmissão de A para B ou de A sobre B vai sendo rompido, disponibilizando assim aos alunos a participação na construção do conhecimento e da própria comunicação entendida como colaboração de A e B, e assim sintonizada com o nosso tempo.
Mas agora o grande desafio e tarefa da psicologia, da psicopedagogia e profissionais da educação, do futuro imediato, de amanhã ou de hoje será demonstrar quais são as aprendizagens que não podem ser adquiridas através das telas, ou como adaptar atividades presenciais para o mundo virtual. É preciso saber utilizar as potencialidades das TICS, para que seu uso não caia na defensiva, é necessário ter consciência que nossos saberes, conservação de nossa memória histórica precisam ser conservadas, não confundir partes isoladas de informação com conhecimento, não deslumbrar com as tecnologias e muito menos condenar os alunos que não possuem ainda o domínio dessas novas técnicas de comunicação e informação.

sábado, fevereiro 20, 2010

Conhecendo os Blogs



Os Blogs tem uma história própria, uma função especifica e uma estrutura que caracteriza como um gênero, embora extremamente variados nas peças textuais que lhe albergam. Hoje são praticados em grande escala e estão fadados a se tornarem cada vez mais populares pelo enorme apelo pessoal.
A expressão Blog surgiu no final de 1997 e diz a lenda que o tema foi criado por Jorn Barger “para descrever sites pessoais que fossem atualizados frequentemente e contivessem comentários e links” (cf. Sartori Filho, 2003). “ O termo surgiu a partir de duas palavras: WEB (rede de computadores) e LOG (uma espécie de diário de bordo dos navegadores que anotavam as posições do dia). Daí a expressão WEBLOG que se popularizou na abreviação BLOG. Na realidade segundo palavras de Sartori Filho, 2203:1, trata-se de “um diário eletrônico que as pessoas criam na internet”. É de fácil produção desde que se dominem algumas ferramentas básicas da linguagem HTML. Os Blogs podem ser construídos e atualizados em qualquer computador a todo momento. Daí também o fascínio por esse Gênero.
A diferença essencial de um blog em relação a um site ou uma página pessoal é o fato de poder ser facilmente atualizado na forma de um diário datado e circunstanciado. Suas primeiras versões eram apenas para registrar leituras que as pessoas faziam em suas navegações pela rede mundial. Eram listas de links e sites interessantes que poderiam ser consultados, bem como notas de atalhos para navegação. Eram diários de bordos dos navegadores da Internet no sentido literal. Mas, rapidamente evoluíram para o estagio posterior como diários que fascinaram de inicio os internautas adolescentes que mantinham muitas vezes blogs coletivos como ainda hoje. Depois passaram para o domínio dos adultos.
Resumidamente, os blogs funcionam como um diário pessoal na ordem cronológica co anotações diárias ou em tempos regulares que permanecem acessíveis a qualquer um na rede. Muitas vezes, são verdadeiros diários sobre a pessoa, sua família ou seus gostos e seus gatos e cães, atividades, sentimentos, crenças e tudo o que for conversável. Trata-se de um BIG BROTHER DA INTERNET dinâmico, interativo e instigante. Quem mantem um blog pessoal com sua intimidade exposta pode ser visto por todos. Segundo lembra Sartori Filho, no site consultado, há quem considere que os blogs poderão tornar-se as mais populares de escritos pessoais ou até mais do que isso, no dizer do autor (p.2):


Alguns mais entusiasmados chegam a designar o blog como versão on-line de uma renascença digital, dado o potencial que enxergam nesta ferramenta que começou com a humildade da simples idéia de diário pessoal e guia de sites on – line.


Para o autor , os blogs por sua capacidade criadora e pelo tipo de temática e motivações que carrega, poderiam ser considerados como “uma incubadora de internautas com interesses em comum” (p.2). Isto torna o conceito de blog mais complexo e hoje já se caminha para outras funções e gêneros derivados. Ainda pouco conhecidos e mantidos por jornais e revistas ou grandes provedores para “gerenciamento do conhecimento” são os K-LOGGING (Knowledge logging), surgindo daí os k-blogs tal como observa John Robb (HTTP://jrobb,userland.com (12/12/2003)) . Neste momento (dezembro de 2003), estão se popularizando, no Brasil os f-blogs, ou seja os blogs de fotos: uma foto por dia que substitui até os textos maiores.
A linguagem dos blogs pessoais é informal na maioria dos casos, mas os k-blogs estão evoluindo rapidamente para expressões retóricas mais formais e esmeradas com alto grau de requinte e pretensões literárias. Os blogs são datados, comportam fotos, músicas e outros materiais. Têm estrutura leve, textos em geral breves, descritivos e opinativos. São um grande sistema de colagem em certos casos. A maioria dos blogueiros mantém mais um blog de acordo com suas flutuações de espírito, mas há os que não mantêm nenhum e escrevem nos blogs de outros ou em blogs públicos e abertos como livros interativos e participantes. Não são como e-mail nem como os chats, pois cada qual poder por no livro do outro o seu recado ou comentário sobre algo que o outro escreveu.



MARCUSCHI, Luis Antônio . Gêneros textuais emergentes no contexto da tecnologia digital. In Hipertexto e Gêneros digitais: Novas formas de construção do sentido. Org.Luis Antônio Marchuschi; Antônio Carlos Xavier. 2. Ed. Rio de Janeiro: Lucerna, 2005. p. 60.

sexta-feira, fevereiro 19, 2010

O modernismo e Jorge Amado

Tenda dos Milagres é um romance de Jorge Amado que leva o leitor a refletir sobre a cultura popular da Bahia e sobre a formação da nacionalidade brasileira, mostrando a importância da mistura e da luta contra o racismo e contra o preconceito no Brasil.

O romance representa no campo da ficção um grande exemplo das obras amadiana em defesa da mestiçagem. Amado não só cria sua mestiçagem e a insere no corpo de seus personagens como mistura ficção e realidade sem negar os problemas sociais brasileiros.

Grande propagador da idéia da mestiçagem Jorge Amado fez de suas experiências diárias um modo especial de ser brasileiro. Em seus livros tudo parece ter resultado da mistura: as culturas, as religiões, as festas, a cultura popular... tudo funciona como arma contra o preconceito, contra o racismo.

Tenda dos Milagres foi publicado em 1969 e classificado como um romance da segunda fase do modernismo literário brasileiro, fase voltada para os romances regionalistas.

As obras de Jorge Amado foram divididas pelos críticos literários em:

· Romances da Bahia ou proletários que retratam a vida na cidade de Salvador;

· Romances ligados ao ciclo do cacau:

· Crônicas de costumes.

Em 1927 Jorge Amado aderiu a um grupo de jovens escritores contrários ao Modernismo conhecido como Academia dos Rebeldes, mas apesar disso Jorge Amado é considerado Modernista da segunda geração.



A Linguagem

"...a linguagem, informal e crua, empregada pelo romancista.Eram palavras conhecidas de to- do mundo, dessas não usadas abertamente, e que apareciam com naturalidade, no entrecho, reproduzido o modo de falar da gente humilde."

Paulo Tavares

Uma das repercussões mais significativas, quando coerente e esperada, do Movimento Modernista na literatura foi a profunda modificação que experimentou a linguagem. A revolução modernista também se fez na linguagem.

O Movimento Modernista, com sua influência decisiva sobre múltiplos aspectos da arte e da vida, os costumes inclusive, libertou nossos escritores, que passaram a usar linguagem mais livre, menos policiada pela gramática, mais simples, mais identificada com o modo de falar do povo. A linguagem natural, informal, espontânea, própria à fluidez da narração. Não é só a linguagem crua, a oração composta de palavras duras, nuas, através das quais pretende o autor conferir legitimidade à narrativa, que teve sua fonte de inspiração no povo, envolve o povo e a legião dos menos favorecidos, vagabundos, desocupados, ladrões, batoteiros, rameiras, beberrões. Mas é, sobretudo, a linguagem natural, desprovida de formalidades gramaticais, livre, sem afetação, despojada do adorno dos adjetivos, a linguagem feita de palavras que brotam espontaneamente do narrador, e ele as dispõe no arranjo artístico da frase do período. Como se as palavras e frases irrompessem de uma nascente e, a partir daí, escoassem com a fluência do curso d'agua, sem obstáculos, no seu leito. Dessas peculiaridades serviu-se Jorge Amado em vários dos seus livros, para consumar a arte de sua narrativa. Consagrado na arte de narrar, inexcedível na espontaneidade e na fluência, talvez seja, entre nós, o mais fluente narrador. Tem-se mesmo a impressão de que ele mais cresce na sua obra quando se deixa levar docilmente. Sem quaisquer resistências interiores, pela tendência inata, pela irresistível vocação romanesca e poética, servida pela experiência de vida haurida no âmago da cultura popular da Bahia. Perpassa, em grandes partes dos seus livros, esse sopro de lirismo que transparece das histórias, por ele contadas, dos homens e mulheres da beira do cais, das ruas e becos da Bahia. É essa aragem lírica que varre as páginas de Mar Morto, "dando ao leitor a impressão de que as próprias páginas do livro se agitam, de leve, ao sopro da mesma viração morna da balança os saveiros, nas águas plácidas daquele Mar morto encravado na Bahia de Todos os Santos".

Mas, em linguagem, aspecto que daria à nossa literatura a nacionalidade brasileira. Jorge pugnava pela linguagem legítima no romance, sem artifícios, natural, com raízes no povo e em sua fala. o próprio Jorge, referindo-se à linguagem de Macunaíma, diz que se trata de uma língua inventada, não da língua do povo . É o convívio do povo baiano, no meio urbano e rural, que proporciona condições de legitimidade ao trabalho do escritor, no linguajar, na fala desse povo que ele maneja com maturidade e a intimidade de quem com ele próprio se confundi. "Acredito”, diz Jorge, "que tenho grande conhecimento da língua falada pelo povo. Eu o conheço bem, e, quando estou escrevendo um romance, ela me vem facilmente. Em Dona Flor, por exemplo, eu trabalhei com a mais viva linguagem popular. É, sem dúvida, de todos os meus livros, aquele que é escrito na linguagem mais baiana, com um vocabulário extremamente baiano, um vocabulário enorme - palavras ignoradas mesmo por pessoas que conhecem muito bem minha obra." É, ainda, seu próprio testemunho: "Em Tocaia Grande eu usei a linguagem popular da região, a linguagem que se falava na região do cacau, uma linguagem muito particular e popular: por exemplo, tocaia é uma palavra que, empregada com está, é típica da região, significa um certo tipo de emboscada, como se praticava lá, no tempo das grandes lutas.Ao mesmo tempo, porém eu recorri, no texto, a termos que não se usam mais, procurei usar palavras pelas quais eu pudesse assinalar a época do romance - isto é, o começo do século, o tempo do romance e o espaço no qual ele se passa."

SANTOS, Itazil Benício dos. Jorge Amado: retrato incompleto. Rio de Janeiro: Record, 1993.

Artigo completo

quinta-feira, fevereiro 18, 2010

Geraldo Maia - Mestiçagem




Mestiçagem
Composição de Antônio Nóbrega

Uma negra com um branco
Vi casar na camarinha,
Um branco com uma índia
Vi casar lá na matinha,
Um negro com uma índia
Vi casar na capelinha.

Um negro com uma negra
Vi casar atrás do muro,
Um branco com uma branca
Vi casar lá no escuro,
Um índio com uma índia
Casaram em porto seguro.

Eu vi nascer um mulato
Do casal da camarinha,
Vi nascer um memeluco
Do casal lá da matinha,
Eu vi nascer um cafuso
Do casal da capelinha.

Eu vi nascer um crioulo
Do casal de atrás do muro,
Eu vi nascer um mazombo
Do casal lá do escuro,
Eu vi nascer outro índio
Do casal porto seguro.

Uma mulata moleca
Vi casar com um japonês,
Uma catita cafuza
Com um sírio-libanês,
Crioulo com alemoa
Vejo casar todo mês.

Me casei com uma mestiça
Eu mestiço por inteiro,
Tivemos muitos mestiços
Cada vez mais verdadeiros,
Cada vez mais misturados,
Cada vez mais brasileiros.

Fonte

terça-feira, fevereiro 16, 2010

Mestiçagem, uma beleza pura

Música de Caetano Veloso que valoriza o negro, feita com imagens relacionadas ao livro Tenda dos Milagres.



Beleza Pura - Caetano Veloso

Não me amarra dinheiro não!
Mas formosura
Dinheiro não!
A pele escura
Dinheiro não!
A carne dura
Dinheiro não!...

Moça preta do Curuzu
Beleza Pura!
Federação
Beleza Pura!
Boca do rio
Beleza Pura!
Dinheiro não!...

Quando essa preta
Começa a tratar do cabelo
É de se olhar
Toda trama da trança
Transa do cabelo
Conchas do mar
Ela manda buscar
Prá botar no cabelo
Toda minúcia, toda delícia...

Não me amarra dinheiro não!
Mas elegância...

Não me amarra dinheiro não!
Mas a cultura
Dinheiro não!
A pele escura
Dinheiro não!
A carne dura
Dinheiro não!...

Moço lindo do Badauê
Beleza Pura!
Do Ilê-Aiê
Beleza Pura!
Dinheiro hié!
Beleza Pura!
Dinheiro não!...

Dentro daquele turbante
Do filho de Gandhi
É o que há
Tudo é chique demais
Tudo é muito elegante
Manda botar!
Fina palha da costa
E que tudo se trance
Todos os búzios
Todos os ócios...

Não me amarra dinheiro não!
Mas os mistérios...

Não me amarra dinheiro não!
Beleza Pura!
Dinheiro não!
Beleza Pura!
Dinheiro não!
Beleza Pura!
Dinheiro Hié!

Beleza Pura!
Ah! Ah! Ah! Ah!...(10x)

Fonte

segunda-feira, fevereiro 15, 2010

Manuscritos de Tenda dos Milagres


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AMADO, Jorge. Tenda dos Milagres. São Paulo. Companhia das Letras. 2008. p.314 - 315.

Mestiçagem em Tenda dos Milagres

O artista da mestiçagem

No romance Amadeano é sempre difícil dizer onde começa a ficção e quando termina a realidade. Seus amigos são personagens nas histórias; seu convívio familiar vira matéria de romance; sua visão da história parece metáfora; sua experiência social entra no enredo e ganha vida na trama de cada obra.

Por outro lado, o romancista tem o dom de criar uma sociabilidade de equilíbrios entre opostos. O mundo de Jorge Amado é feito de trabalhadores, pescadores, prostitutas, bêbados, boêmios, mulatas fogosas, morenos espertos, professores ingênuos, mães de santo, quituteiras; mas também da elite, dos políticos e dos coronéis do cacau, com seu poder e hierarquia absolutamente estabelecidos e jamais questionados. Amado consegue unir todas as classes sociais e todos os tipos de raças e etnias para celebrar a beleza da miscigenação.

Se Jorge Amado nunca deixou de ser um autor empatado com as questões sociais de seu tempo — e jamais desconheceu as profundas diferenças sociais que marcam a população brasileira e em especial a baiana —, também criou em seus livros um espaço quase onírico para localizar na mestiçagem a nossa mais marcante particularidade.

Mas é em Tenda dos Milagres que representa, no campo da ficção, o exemplo mais acabado desse tipo de postura amadiana. O casal central é composto por um baiano e uma escandinava (representação máxima da brancura que se mistura com a “cor do Brasil”). Esse é inclusive o ponto central do romance, que chega até a ser didático na maneira como opõe o herói da obra, Pedro Archanjo — com sua visão positiva da miscigenação — ao professor Nilo Argolo, que acreditaria nas teorias que afirmavam que o cruzamento de raças levaria à degeneração. Como se vê Amado não só “cria” sua mestiçagem e a insere no corpo de seus personagens como mistura ficção e realidade.

Jorge Amado é, assim, o grande “campeão da mestiçagem”, como uma vez definiu o fotógrafo e amigo Pierre Verger. Em suas obras ela é tão evidente que muitas vezes não precisa ser afirmada. Todos sabem que Tereza Batista e Tieta são mulatas “arretadas”, e que Dona Flor é cabo-verde (essa mistura particular de branco com negro e índio). O autor não introduz, porém, tais termos como se fossem definições rígidas. Ao contrário, no universo de Jorge não existem classificações precisas, que descrevam cores como se fossem gradientes regulares.

( LiLia Moritz Schwarcz)

SCHWARCZ, Lilia Moritz. O artista da mestiçagem. in:O universo de Jorge Amado. s/d

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